Portugal já estava naturalmente em vantagem nas navegações, devido à sua posição geográfica e da sua precoce formação do estado nacional do tipo moderno - poder absoluto governamental com economia mercantil. O pioneirismo português só não teve sucesso maior devido ao medo: fortes tempestades que ameaçariam o rumo das caravelas, monstros marinhos, como as sereias que, ao cantar, poderiam seduzir os tripulantes e o assustador horizonte que ameaçava o abismo - o desconhecido despertava a curiosidade assim como amedrontava.
Durante os séculos XV e XVI, o pensador, nascido em Florença e funcionário da família Médici, teorizou como um governante deveria agir; Maquiavel, em sua obra "O Príncipe", diz que o rei deve tanto ser amado quanto temido, e, se não conseguisse ter ambos, que causasse temor - o medo serve de motivação para conduta da mesma forma como o erro serve de motivação para o acerto - entretanto, quem mais conseguiria cativar e amedrontar se não Deus?
São várias as divergências que surgem quando questionada a existência de um ser "todo poderoso"; contudo, a crença no improvável é o que une os que não se renderam à racionalidade. Tolstói, escritor russo e dono de uma técnica narrativa envolvente e cristalina, dizia que apenas a religião poderia unir e resolver os problemas sociais, porque, mesmo que diversas, o princípio de todas as fés é o amor.
Nas situações de risco, além da ativação imediata das glândulas suprarrenais, a apelação ao desconhecido torna-se necessária: o real já não pode mais ser recorrido e a fé acaba sendo a única saída - ponto comum nos seres humanos, assim como a liberação da adrenalina. - O desconhecido assusta, mas o amor pelo conhecimento cativa. - Talvez o Brasil tivesse sido colonizado antes se os portugueses tivessem tido mais curiosidade (e memória) e descoberto a forma geoide da Terra com Atlas, que a carregava nas costas, desde a Antiguidade Clássica.
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