sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Triste Fim do Tupi

                 Quem examinasse a estante de Policarpo Quaresma, personagem do escritor pré-modernista Lima Barreto, veria com clareza a preferência pela literatura brasileira: Gregório de Matos, Beto Teixeira, Santa Rita Durão... e os mais românticos José de Alencar e Gonçalves Dias – o jovem era tão nacionalista que desejava que o Tupi se tornasse o idioma oficial do país; ousou enfrentar Floriano Peixoto, mas o Marechal de Ferro honrou seu lema e o recebeu a balas.
                Mesmo que ficção, Floriano agiu corretamente ao não aceitar o Tupi como língua oficial do país, porque hoje nota-se o visível crescimento da Língua Portuguesa: de 2007 a 2011, passou a ser a 5ª mais falada no mundo, com um aumento de 990% de falantes desde 2000, além de 17% do PIB dos países lusófonos serem fruto de atividades ligadas ao idioma. A partir de 2012, estará em vigor o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que fortalece ainda mais o idioma e consolida a identidade das nações que o incorporam – pode haver resistência – como se representasse o Gigante Adamastor, de “Os Lusíadas”, Camões – mas é preciso entender a razão da mudança e sair das cavernas (ignorância) e ir em busca da luz (conhecimento), como explicou Platão, em seu sexto livro, intitulado “A República”.
                  O século XVIII mal havia começado e a Inglaterra havia descoberto o poder do vapor, passando a se encaminhar para a Primeira Revolução Industrial, enquanto o Brasil se urbanizava lentamente com a mineração como base; quem diria que o país até então do açúcar superaria a economia daqueles que descobririam o aço? Pois em 2011 pôde-se ver: o Brasil superou a economia britânica e está aumentando gradativamente sua exposição mundial; é um país de dimensões continentais, com uma população lusófona de 191,1 milhões – não há como não notar a influência brasileira mundialmente.
               Sou falante, com orgulho, da Língua Portuguesa: as maravilhas da cultura brasileira e a descendência portuguesa só trazem honra à minha formação – acredito na preservação de dialetos pela questão da descoberta da identidade individual, mas, desculpa-me, Quaresma, o Tupi já não mais representa o Brasil e saudade não se tem em qualquer lugar – é a sétima palavra mais difícil de ser traduzida – então escolho enfrentar Adamastor e sair da caverna. 

(Redação UFRGS/2012  Nota: 20,4166/25) 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Uva

Passa
Sem pressa
E descompassa
Meu coração
Pressionado
Despedaçado
Pedindo
Que passe
A pressão
Que amassa
Meu coração