terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pra frente, Brasil!

            A Disney revolucionou os filmes de animação ao lançar, em 1998, a história da sua primeira "princesa" asiática: Mulan veste-se como um homem e luta no Exército Imperial, no lugar de seu pai, que estava velho e doente. A heroína vivia em uma sociedade muito tradicional para ser aceita como uma mulher que ajudaria a combater o avanço uno na China.
            Ainda que haja resistência dos mais clássicos, não há como evitar o progressivo desenvolvimento do Brasil [por mais que pudesse ser diferente], já que se vive na Era da Globalização em que já não existem mais fronteiras e os continentes voltaram a ser Pangeia - ao menos virtualmente - e, em um clique, o contato com o outro lado do mundo é feito, tanto para amizades quanto para relações comerciais. 
            Não há mais invasões bárbaras, mas o povo brasileiro age como soldados para combater os resquícios tradicionalistas de que somente a educação presencial é válida [o diferencial é o aluno], de que homem não pode ser "dono de casa" e de que o trabalho de um gari é menos importante que o de um médico. Cursos técnicos formam, em menor tempo e com qualidade, novos trabalhadores de todas as idades - nunca é tarde para começar uma formação. 
            O esforço dos soldados brasileiros resultou em um mercado trabalhista amplo, dinâmico e com uma qualificação que cresce. Se não fosse pelo desempenho populacional e governamental [embora tenha muito para desenvolver-se] o Brasil não receberia, nos próximos anos, acontecimentos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. - ambos trarão diversos empregos [e prejuízos...] e, para eles, o povo precisa preparar-se: o governo disponibilizará cursos para melhor preparo dos empregados - qualificação que permanecerá mesmo após o término dos eventos.
             A honra que Mulan levou para sua família é a mesma que nós, cidadãos, trazemos para o nosso país - seja criando o hábito da leitura ou com o trabalho diário e honesto. A diferença é que podemos triunfar com um sorriso no rosto e sem a necessidade de um disfarce.

Indiferença Superficial

             O bar não mudou de lugar. A cachaça continua a mesma. A discussão foi. E eu sinto falta de discutir. Política. De discutir política, principalmente. Ah, o que sabes sobre política? Sabes ao menos o nome do vice-presidente? Claro que sabes. Mas não pela política. Pela moda. M-o-d-a. Porque comparam sua esposa à primeira dama da França. E a política? Esqueceste. Na verdade nunca te lembraste dela. Não é que eu negue a beleza, mas é que eu nego a ignorância... E a beleza do entendimento, perdeste por quê?
            A maquiagem tem te causado alergias, não é? Joga ela fora. Aceita o rosto que tens. Compra-te um livro... lembra-te daqueles que te recomendei. São tantos... lembras? O incrível é que o mais difícil tu já possuis: potencial. Potencial que não se conquista. Mas tu jogaste fora. Jogas fora.
            Eu desisto. Minha esperança degrada-se a cada dia.
            E desisti de buscar inteligência; busco entretenimento. 
            

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Da cama à caixa.

            Andava. Eu andava na rua como quem não tinha pressa, mas também como quem não tinha tempo a perder. Observava. Eu observava as vidas que iam e vinham com suas almas calejadas ou a calejar. Pensava. Eu pensava o tempo todo sobre todo o tempo. Até que meu andar foi interrompido.
           Sabe, eu nunca gostei das ciências humanas. Não tente me dizer que teus poemas falam mais do que meus cálculos. Já te disse diversas vezes que buscas na poesia respostas tão inexatas quanto as tuas perguntas. Mas não me interessa mais o que tu buscas ou deixa pra lá, já que tu não me buscas mais. Até que meu pensamento foi interrompido.
            Alguém puxou a minha mão e me disse que eu teria uma carreira profissional de extremo sucesso - recuei com um olhar de reprovação e ri, levemente - Segui. Parou-me mais uma vez. Meu olhar de reprovação passou para um olhar de irritação. - por mais que eu me irritasse, alguma coisa me fazia ficar. Não sei, não quero saber o quê. - e ele continuou falando do meu futuro sucesso, contudo, falou que não me amariam da mesma forma como eu não amaria mais. Que minha vida estava destinada a sair da cama, ir à maca e depois ao caixão. Sem sentido. Ele foi. Eu segui.
             Sabe, eu nunca gostei das ciências humanas, muito menos das humanas que nem são ciência. E menos ainda das estrelas. Olavo Bilac que me perdoe, mas nem quem ama tem ouvido capaz de entendê-las. O amor cega, ensurdece, mascara. Quem ama não quer ouvir, não quer entender, não quer.
            Passou. Passei. Segui passando.
            Lembro-me sempre da mão puxada e das palavras ditas. Comecei a achar que era bom. Sucesso sem amor. Não é dinheiro, mas reconhecimento, compreendes? Claro que não, já que não é poema o que te digo. Se bem que nem mais poemas tu consegues entender.
           O tempo passa e passou como eu passei. Os cálculos foram me deixando e a presbiopia foi me alcançando: dia após dia meus braços diminuem e ficam cada vez mais longes dos teus. Desisti da ideia de amar. Só te queria comigo. Queria que um poema me fosse lido. Pode ser Olavo Bilac. Só não me deixa olhando pro teto pra sempre. Pra sempre que duraria até a maca me deixar.
           Enlouqueci. Passou, mas passou menos do que deveria ter passado. O sucesso acabou sem sentido. A ideia de viver sem sentir só fazia com que eu sentisse mais. Me busca novamente e me traz a arte que eu não tenho e me faz ouvir estrelas mais uma vez.